Saturday, October 24, 2015

Hoje inauguramos anúncios neste blog

O Google Adsense é uma ferramenta de inserção de anúncios de terceiros em blogs ou sites. Embora o blog perca um pouco da sua "pureza" (se é que tem alguma) vamos rentabilizar com as visitas que visualizam ou clicam nos anúncios. O valor esperado por ano é bastante baixo, mesmo assim vale como ajuda de custo para publicar os textos e como pesquisa sobre o funcionamento deste sistema. Visto que o mercado de arte é o tema central deste blog até que os anúncios não desvirtuam tanto. Existem blogs que faturam bem com publicidade. O Youtube também tem uma ferramenta semelhante para monetizar videos, fazendo seus canais se tornarem fonte de renta para os youtubers. Este também é um objetivo nosso, por meio da nossa produtora Seu Video Produções.

Um abraço!!
Ricardo
24/10/2015

Friday, October 23, 2015

O erro do artista que vende por fora


Toda galeria cobra uma merecida comissão pela venda das obras. A comissão de 40% ou 50% costuma impressionar os leigos e revoltar os marginalizados. A defesa desta comissão aparece noutros textos meus, vou justificar brevemente mais uma vez aqui. Uma grande galeria tem entre 10 a 20 funcionários altamente qualificados. Imagine o custo disso. Tem muito mais: um espaço grande e dispendioso, investe nas exposições, tem despesas contabilísticas, assessorias e precisa de caixa para feiras, manutenção e armazenagem de obras de artistas. O artista argumenta "eu também tenho custo de aluguel". Não dá para comparar o custo de manutenção de uma galeria com um atelier.

Alguns artistas tem clientes próprios e vendem por fora diretamente, mesmo sendo representados por galerias. Acreditam assim que estão resguardando seus interesses. Estão enganados. Por que? Porque estão concorrendo com seu principal distribuidor local, estão prejudicando os resultados da galeria, e consequentemente enfriando e distanciando uma relação que deveria ser próxima e produtiva. A galeria investe na divulgação do artista, mas este, excessivamente competitivo, aproveita-se da visibilidade e vende por fora, de fora dura, alegando que a galeria só merece comissão sobre seus próprios clientes: isto não é visão de equipe, não é liderança, não é parceria. É natural nestes casos que a galeria perca interesse no artista. E se as galerias não têm interesse no artista, nenhum curador tem. Sem interesse de curadores e galeristas os colecionadores também se afastam. Sem galerista, sem curador e sem colecionador, não tem museu.

Uma coleção próspera é formada por obras de artistas que transitam bem pelo circuito. Todo artista com ambições de ser independente se aproxima do modelo Romero Britto de fazer negócio: rico, porém marginalizado e sem relevância. (O maior problema do Britto não é tanto sua obra, mas sua atuação). O artista que vende por fora, quer tomar a comissão da galeria para si. Por causa deste pequeno valor acaba comprometendo sua inserção no longo prazo e a evolução dos seus preços. É como se uma fábrica vendesse para o publico mais barato do que os distribuidores: isto quebra a distribuição, reduz o alcance e prejudica a fábrica. É como se o artista criasse um mercado paralelo de sua própria obra.

Uma vez numa palestra da FAAP o icônico galerista Marcantonio Villaça disse "Todas as obras do artista estão na galeria. No atelier não tem nada: só obras inacabadas". Outra figura bem sucedida nas artes é o Vik Muniz. Uma vez visitei sua nova casa em construção no Brooklin (NY). Era um armazém tão grande que ousei perguntar "Você vai ter uma sala expositiva aqui?". Resposta: "Não. Não trabalhamos assim aqui". Outro exemplo: eu estava com o amigo artista Caio Reisewitz visitando a mega galeria Mario Sequeira em Braga, Portugal, onde ele participava de uma coletiva. O marchand entusiasmado com a presença do artista fez o convite "quer fazer uma individual aqui?". A resposta surpreendente do Caio: "Fala com a minha galeria".

Diversos artistas adotam este outro modelo de relacionamento. Todas as transações passam pela galeria. Isso fortalece a representação, clarifica as relações, dá segurança para o investidor e o curador, torna sua cotação mais robusta, melhora o lobby do artista no circuito local, clarifica melhor os compradores e deixa tudo mais transparente. É preciso ter as costas largas neste mercado. Não é novidade que o mundo da arte é complicado.

O valor da obra de um artista não é mérito somente dele. A galeria ajuda a conferir este valor. A representatividade do artista no circuito, os convites para exposições, a confiança despertada nos atores do sistema ajudam a legitimar a posição e a cotação do artista. Toda galeria é um espaço institucional. Quando o artista abdica de valorizar as instituições da arte seu destino é um só: a marginalidade. Nunca é tarde para rever estratégias e costurar boas relações.

Sucesso,
Ricardo Ramalho
23-10-2015




Tuesday, October 6, 2015

Os 3 erros mais comuns de portfólios

Um bom portfólio de arte pode ser online ou impresso, deve ter uma seleção de boas obras do artista, imagens com fichas técnicas e um currículo artístico. Então é isso, ficou fácil perceber quais são os 3 erros mais comuns:

1) Seleção equivocada de obras.
Existem várias formas de errar nesse ponto, o erro mais comum é o "portfólio colcha de retalhos", os trabalhos não tem nenhuma relação entre si, não existe um conceito claro que agrupe as obras. Este problema pode ir além do portfolio e afetar a carreira do artista que cada hora faz uma coisa diferente. Outro erro é colocar obras boas e obras ruins. Que tal apenas as boas? Nem tudo o que um artista faz precisa estar no portfólio. Outro erro comum, este com artistas consagrados, é colocar no site "tudo o que eu fiz na vida". Alguns artistas famosos fazem isso, seus sites são tipo um catalogue raisonné: têm milhares de obras catalogadas. O meme abaixo traduz meu comentário.

2) Ausência de fichas técnicas.
Aqui nota-se o amadorismo do artista, as imagens do portfólio não têm qualquer informação sobre ano, título, técnica e dimensões. O leitor fica totalmente perdido. Não sabe se está olhando para uma escultura ou um chaveiro. A pintura não se sabe se é das grandes ou das pequenas. Fotografia então é a festa da enganação. O sujeito mete 20 fotos no portfólio e acha que está tudo certo. Uma foto só é arte se tiver tratamento de arte. Uma foto sem ficha técnica é como se fosse uma foto da sua tia. Qual a tiragem da edição? Qual a dimensão da fotografia? Qual a escala disso? Que ano foi feito? É coisa recente ou da sua infância?
3) Não consta currículo artístico nenhum.
Nem sequer um currículo embrionário. Para desenvolver uma carreira convincente o artista precisa elencar seu percurso de exposições e formação. Não adianta pintar como Michelangelo se o artista não se relaciona com o circuito cultural. Se não faz exposições públicas ninguém fala sobre a obra. Muitos artistas vendem obras decorativas e não fazem exposição. Dificilmente serão valorizados no futuro porque seus trabalhos estão à margem dos museus, galerias, coleções, espaços e publicações. Pouco adianta escrever textos poéticos sobre seu próprio trabalho. Convém deixar que críticos independentes façam isso. Pode até escrever algo curto sobre sua própria obra, usando um vocabulário consagrado, sem muitos devaneios, com algumas referências históricas e motivações pessoais. Mas o essencial mesmo é uma lista de exposições coletivas e individuais. Sem lero-lero.

Sucesso!!!
Ricardo Ramalho
6-10-15