Friday, May 31, 2019

A função da arte e a terceira lei da robótica

C3P0: um robô preocupado consigo mesmo
Em tempos de retrocessos culturais, cognitivos, econômicos, sociais, políticos, educacionais e jurídicos a função da arte é antes de tudo perpetuar a si mesma, como linguagem, como espaço e como um ofício. Desde sempre esta é a rotina do artista profissional: manter sua interlocução com o circuito de arte, manter-se relevante, por meio de uma produção de conceitos criteriosos e que dialogue com os atores do sistema. Os curadores e galeristas também precisam subsistir como agentes de exposições e coleções interessantes que tragam sólidas contribuições para a manutenção do circuito cultural e um "progresso" para as artes.

Se a função da arte é perpetuar-se, onde ficam aquelas funções artísticas como produção de poéticas, transformação criativa da matéria e observação crítica do entorno? Em outros contextos estas são as tarefas primordiais: para os artistas românticos o importante é simplesmente fazer arte, a carreira é secundária, o mercado é desnecessário, exposições são opcionais. Entretanto este blog não é romântico, sempre defendeu o fazer artístico como profissão de engajamento administrativo no sistema de arte. O que define um artista não é sua produção, e sim o peso de sua assinatura conseguido na rede de espaços e pessoas que ele conquista. As obras dos artistas não tem qualquer relevância sem sua forma de atuação. Portanto a obra de arte nada mais é do que tela e tinta: não há um valor intrínseco que vá além da tela e da tinta, sem uma vigorosa atuação do artista sobre a Terra. Sem portifólio que impressione, sem um currículo de exposições que demonstre credibilidade, sem uma produção em quantidade suficiente, sem conceitos que se relacionem com a linguagem recorrente, sem relacionamentos pessoais, sem agenda, a arte não tem aplicação nenhuma.

 O que me faz lembrar da terceira lei da robótica de Isaac Asimov:

 - 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e/ou a Segunda Lei.

Deixemos a primeira e segunda lei para daqui a pouco, elas dizem respeito a função do robô como máquina protetora da humanidade (1ª lei) e máquina obediente (2ª lei). Dois atributos questionáveis nas artes: com frequência a arte desprotege, desestabiliza pensamentos fossilizados, incomoda, assusta e desobedece. Dizem que aprendemos mais com os erros do que com os acertos, assim a arte ensina mais quando induz ao erro do que à conformidade. Vamos retomar estas questões mais abaixo. A terceira lei da robótica tem paralelo com a função da arte: proteger sua própria existência. Se os museus acabarem o povo vai perder acesso às referências estéticas, históricas e o exercício da observação crítica e do posicionamento ético. Perdendo este público as galerias vão fechar, e os artistas passarão fome (mais ainda). Fechando outros templos das artes como teatros e bibliotecas teremos um abalo nas artes performáticas de atores, músicos, cenógrafos, maquiadores, bailarinos o que também abala a produção de cinema, literatura e TV.  Sem que os interesses tenham pluralidade a ciência e suas aplicações serão restringidas. Vamos perder tecnologia e voltaremos a ser os homens das cavernas. Este cenário terrível de pobreza cultural faz lembrar o Afeganistão sob domínio taleban onde tudo isto era proibido, e a intolerância, a violência, a fome e o machismo prosperavam.

Se observarmos o circuito das artes como um sistema, uma máquina com peças específicas, talvez agora possamos resgatar a primeira e a segunda leis:
- 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
- 2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.

Vamos adaptar para as artes e ficamos assim:
- 1ª Lei: As artes não podem ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal. Então as artes não podem se omitir perante a barbárie, sua omissão vai ferir a sociedade: onde não há cultura não há humanidade como exposto na defesa da terceira lei.
- 2ª Lei: As artes devem obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
Podemos aqui entender que "dar ordens às artes" significa criar, conceber, programar as artes livremente dentro de um processo criativo e crítico, assim o ser humano que "dá ordens às artes" são os próprios artistas (ou curadores, galeristas e produtores culturais), aceitar ordens que causem constrangimento às artes conflita com a 1ª lei por omissão, e a 3ª lei de manutenção.

Infelizmente as leis das robóticas são peça de ficção. Estamos vendo robôs nas mídias sociais manipulando pessoas e eleições, drones matando em escala industrial. Mesmo as leis que defendem as artes estão gradativamente sendo derrubadas. Expor nossos trabalhos criativos, cuidar de nossas produções e ampliar nossos acessos e contatos nunca foi tão importante como agora.

Ricardo Ramalho
31-5-19

Wednesday, December 6, 2017

II Bienal de Pintura - Critérios curatoriais


A função de uma curadoria é definir e conservar um conjunto de obras para um acervo ou exposição e assumir as responsabilidades institucionais decorrentes. O curador goza de plena liberdade para definir essas obras, assim como o artista para fazer seus trabalhos... não é bem assim... ambos estão condicionados pela linguagem e regras do circuito de arte. Curadorias de museus costumam ser "avalizadas pelo conselho": representantes do mercado. O curador precisa atender as expectativas do sistema para se tornar relevante, os artistas idem. São duas profissões muito parecidas, do mesmo lado do balcão, vamos nos ater agora à primeira.

Algumas regras nada consensuais sobre curadorias:

1) Um curador não pode ser artista. Situação mais tolerada na Europa, menos no Brasil e menos ainda nos Estados Unidos. Os mais maldosos dizem que o curador/artista faz reuniões em instituições com seu portfólio embaixo do braço. Não se compreende bem a razão deste preconceito, talvez um certo ciúme de uma pessoa que ataca em duas frentes, a pose de artista no pedestal do curador, ou talvez a falta de foco na
Obra de Adinolfi (foto Paula Andrade)
carreira gere desconfiança sobre sua relevância em ambos os lados. Na Casa de Rembrandt em Amsterdam, vemos que ele tinha um acervo na entrada de sua casa onde expunha e comercializava obras de outros artistas. Ele morreu pobre, mas isto é outra história. O MAM tinha um programa de curadoria de artistas, em sua época mais pujante no início da década passada. Existe uma sub-regra: se o curador for artista, não deve incluir sua própria obra na exposição. O colecionador Miguel Chaia questiona esta regra e recomenda que o artista curador eventualmente inclua a si mesmo.

2) Um curador não pode selecionar obras vindas de seu acervo particular. Isto é visto quase como um escândalo, seria conflito de interesses, porque sua autoridade deve tratar de forma isenta as tendências estéticas mais relevantes. Sabendo que as escolhas inevitavelmente vão valorizar as obras, não convém dar visibilidade ao seu acervo pessoal. Bem, se não pode expor as obras de sua propriedade, pode expor mais discretamente os artistas presentes em sua coleção, que em tese é privativa. Curiosamente ouvi o crítico de arte Alberto Tassinari dizer que não colecionava arte, porque segundo ele seria inconveniente um crítico colecionar, ja que perderia sua plena isenção de análise: muito rigoroso comportamento. Ciente deste dogma, e procurando ampliar a liberdade curatorial, optei por incluir obra de meu acervo pessoal na exposição coletiva Pintura versus Fotografia no Paço das Artes em 2004, cujo catálogo elucida este fato nas fichas técnicas, com total transparência.

3) Um curador deve evitar convidar apenas seus amigos para expor. Ja me acusaram disto. Que curador nunca foi alvo desta alfinetada? Respondi: "Vou convidar quem? Meus inimigos?". O modo mais puro, e irreal, seria convidar nem amigos, nem inimigos, apenas pessoas sem relação pessoal. Só que nas panelas do sistema de arte genuínas amizades são formadas e um curador não pode preterir um relevante amigo, privando o público de sua magnífica obra. O artista Caetano de Almeida fez uma curadoria muito interessante no MAM em 2003 chamada Meus Amigos: ele colocou o maior número possível de artistas, preenchendo todos os espaços da sala e saturando as paredes. 

4) Um curador não deve pegar apenas artistas de galerias. "Vou pegar de onde?" questionou Tadeu Chiarelli certa vez, sinalizando os eventuais constrangimentos de um curador de alto nível em prospectar obras em ateliers. Este ponto é notável, a estreita relação de museus e galerias, ou mesmo de bienais e galerias. Pelo caráter seletivo das curadorias privilegia-se muito artistas de notória reputação, o que invariavelmente são representados por grandes galerias. Exposições de "mapeamento", como o Panorama de Arte do MAM costumam ter 95% de artistas de galeria e uns 5% de independentes para dar um certo frescor à exposição. A primeira Bienal de Pintura foi feita dentro de uma galeria, a Virgílio, em 2015, incluindo alguns artistas da própria. Ou seja, por um lado foi uma curadoria temerária, por outro traduziu fielmente e radicalizou as práticas recorrentes do circuito.

5) Curador não faz venda. Imagina se fizesse. O que eles vendem são textos e exposições inteiras para patrocinadores. Curadores compram arte pelos museus, negociam valores, o que não é muito diferente de vender. Em alguns casos os consultores de coleções particulares, que atuam na prática como curadores de acervos, levam comissões das galerias.

6) Um curador não deve selecionar um parente para exposição. Isto seria muito improvável e suspeito. Imagine escolher uma tia para expor. Por acaso nos corredores da ECA parecia que faziam isto anos atrás, com mostras de quinta categoria. A menos que o herdeiro de um grande artista resolvesse resgatar a obra do falecido pai... realmente muito improvável, filhos de artistas não costumam ter mínimas capacidades curatoriais, e um curador novato não agregaria o valor que o pai mereceria. Uma vez eu fiz uma curadoria chamada O Marchand e a Namorada, na Galeria Favo em 2006, eu era o curador, o marchand, o artista e a outra artista era minha então companheira, a portuguesa Catia Morais.

7) Um curador não deve selecionar sempre os mesmos artistas e as Bienais não devem ficar repetindo os mesmos artistas. Esqueça estas regras. Muitas vezes o artista precisa ser insistentemente veiculado pelos curadores, para que mais pessoas conheçam sua brilhante obra, mesmo que outros artistas permaneçam desconhecidos: não se pode culpar os curadores pela falta de visibilidade de alguns artistas. Cabe aos artistas se projetarem nas carreiras e fazerem frente à feroz concorrência e amenizar o excessivo protagonismo dos curadores.

Obra de Laura Beatriz
8) O curador só pode acolher artistas cuja produção é coerente e reconhecida. Verdade. Observa-se o conjunto da obra para buscar a coerência da linguagem, a maturidade dos conceitos e a pertinência do estilo dentro da arte contemporânea. O reconhecimento do artista é simples de conferir, basta olhar o currículo artístico, documento que atesta o compromisso com o meio. Este compromisso é importante porque assim como artistas querem entrar para a história da arte os curadores também, não se pode escolher um artista aventureiro e ocasional para uma Bienal. O meio da arte é muito competitivo com artistas de qualidade e impressionantes currículos. Uma vez pedi educadamente o CV de um artista, ele se ofendeu. Este tipo de reação queima o filme.

9) Justificar os artistas com argumentos adicionais e atraentes. Uma vez observada a coerência da obra e sua reputação agora é hora de engrossar o caldo com um texto que faça outras considerações procurando encaixar o artista na história da arte ou explicar o que há de interessante em sua obra, dando um ar científico para o texto.

A II Bienal de Pintura acontece dentro do Estaleiro Oficina administrado coincidentemente pelo curador da exposição. Pretendia-se que a II Bienal fosse em um local tão nobre quanto a Galeria Virgilio, por outro lado fizemos o que foi possível, conseguimos manter a regularidade da mostra a cada dois anos, e aproveitamos para desfrutar de um agradável e informal ambiente de oficina. Na próxima edição será convidado um curador independente que ja está sendo contatado.

Sobre os artistas.

Alexandre Ignácio Alves era meu colega de sala da FAAP, portanto somos amigos há mais de 20 anos. Sua técnica é muito refinada e lembra Daniel Senise e Sergio Fingerman. Suas pinturas de tons sóbrios valorizam texturas em composições que sugerem o desgaste do tempo, ou registros de conhecimentos muito antigos. Seu estilo tende ao conservador, o que nos dias de hoje é um diferencial notável.

Dalia Rosenthal trás o toque da fotografia na II Bienal de Pintura, a exposição pretende apresentar uma visão alargada de pintura e contemplar outras técnicas bidimensionais. Suas fotografias são abstratas e ultrapassam o limite do compreensível para um espectador leigo, exigindo assim algum calejamento para a apreciação. É interessante que a arte contemporânea exija algo do observador e não seja apenas de fácil digestão.

Pintura de HD Dimantas
Eduardo Verderame é um artista muito atuante tanto no circuito oficial como no alternativo, estudioso, tem uma famosa série de desenhos de igrejas, instalações, esculturas e composições bidimensionais em vinil adesivo, sob clara influência das técnicas de Regina Silveira, com quem trabalha há mais de 20 anos. Antigo amigo, ja participou de outras curadorias minhas. O espaço da exposição era atelier dele, e antes foi de Túlio Tavares.

Maurício Adinolfi é um conhecido artista representado pela Galeria Pilar, com extensa obra de pinturas e tem feito trabalhos de intervenção artística e antropológica com barcos de pescadores e barqueiros do norte, o que tem muito a ver com o Estaleiro Oficina. Ele foi artista da Galeria Favo, de propriedade do curador, em 2006. A obra exposta é de meu acervo pessoal.

HD Dimantas é um artista multimidia que foi selecionado para a mostra porque na semana de inauguração ele postou uma bonita pintura no Facebook. Como a exposição precisava de mais alguém de fora do acervo particular e já existia uma clara afinidade ideológica ele foi convidado. Suas pinturas são muito interessantes com aguçado estudo de cores, lembrando a fusão cromática impressionista, ou caleidoscópios e alguma influência naif.

Laurabeatriz é minha sogra. Não exatamente... mas eu queria ter escrito isto no texto. Ela é mãe da minha eterna namorada, a arquiteta Maria Rosa Almeida. Sua pintura adota uma técnica de muita leveza, cores vivas, mas com uma suavidade e transparência elegante que lembra Volpi. Mostra temas de paisagens e uma linguagem próxima a da arte naif, cujo estilo popular erudito interessa ao curador. Seu currículo de exposições é excelente e sua obra é coerente. Tecnicamente sua presença na Bienal é inquestionável.

Compositores de RR no Paço Imperial, RJ
Ricardo Ramalho mostra uma das suas séries mais relevantes, trabalhos antigos que ele considera muito atuais e que pretende retomar, da série Compositores, de 20 anos atrás. Tratam-se de quadros de peças giratórias que funcionam como pixels onde o público pode configurar e criar padrões. As obras foram premiadas no Anual da Faap em 1997 participaram de várias exposições, incluindo uma coletiva no Paço Imperial no Rio de Janeiro sob organização do professor Nelson Leirner.

Nesta curadoria temos apenas sete artistas, boa parte deles do acervo pessoal do curador que também é artista: duas regras já quebradas. O curador incluiu trabalhos de sua própria autoria na exposição: terceira regra quebrada. Uma das artistas é "sogra" do curador: quarta regra quebrada. Existem laços de amizade: quinta quebra. O curador pretende vender a maioria das obras: sexta quebra. Não existem argumentos muito elaborados para a seleção destes artistas: sétima. Alguns artistas estavam na Bienal anterior: oitava. Somente uma regra está sendo cumprida: a da coerência e reconhecimento dos artistas, afinal acredito e recomendo cada um deles.

Ricardo Ramalho

Serviço:
II Bienal de Pintura
curadoria Ricardo Ramalho

com
Alexandre Ignácio Alves
Dalia Rosenthal
Eduardo Verderame
HD Dimantas
Maurício Adinolfi
Laurabeatriz
Ricardo Ramalho.

de 16 de Dezembro de 2017 à 16 de Janeiro de 2018
local: Estaleiro Oficina, Rua Tomas Catunda, 7, casa 2, Vila Anglo, São Paulo
visitação de segunda a sexta das 14 às 18 horas ou com hora marcada.
(recesso de final de ano de 28 de dezembro a 8 de janeiro)

Mais informações artistaramalho@gmail.com

Monday, December 4, 2017

Modelo Romero Britto de fazer negócio e porque o criticam tanto

Pintura de Romero Britto
Vamos falar sobre o fantástico modelo de negócio do ícone Romero Britto, mas antes algo menos interessante: porque o criticam tanto? A  principal razão é seu envolvimento no seletivo circuito de arte (nulo) e a razão secundária é seu estilo pessoal. 

Romero Britto não precisa de galerias, nem de curadores, nem de museus, nem de críticos, e muito menos dos colecionadores de "arte contemporânea", e menos ainda das panelas de artistas bajuladores deste mesmo circuito. Ou seja, não sobra ninguém que o defenda no "mainstream" da arte. Exceto eu. Se ele não precisa de ninguém deste meio é natural que o meio não precise dele. O artista dificilmente participará da Bienal de São Paulo, ou da Bienal de Veneza, provavelmente não será incorporado ao acervo do Museu de Arte Moderna. Seu currículo tem obviamente muitas exposições em galerias e museus, mas em geral museus e galerias de segunda categoria (desculpe, não quero desmerecer o CV do artista e 90% das instituições que formam o circuito expandido, é uma categoria fundamental para fazer chegar a arte a mais pessoas). Sua posição no circuito especial não é relevante para ele, ja que possui um circuito próprio. Niki de Saint Phalle fez exposição na Pinacoteca de São Paulo, Romero Britto talvez tenha dificuldade. (A gestão atual do MASP pode se interessar). As obras coloridas de Niki e Romero, temos de reconhecer, têm bastante afinidade, no uso de cores chapadas, temas festivos e composições alegóricas. Por que Niki pode, e Romero não?
Escultura de Niki de Saint Phalle
Porque a artista francesa tem um longo currículo de interlocução com o circuito de arte, obras provocativas, conceituais, que vão desde o cinema até a arquitetura, passando por pintura, desenho, escultura e arte pública. Sua obras mais alegres, aparentemente inocentes, surgem em meio uma carreira muito rica de composições inquietantes em muitos meios e muitas instituições. Ja Romero Britto, sem querer diminuir o artista mais uma vez, tem como pilar de sua produção as pinturas decorativas conservadoras (linha de ação aliás usada pela maioria dos pintores de arte contemporânea).


A razão secundária pela qual o criticam tanto é seu perfil milionário e brega. Os católicos nutrem desconfiança de artistas milionários, se for brega então a coisa fica difícil de engolir. Aqueles paletós estilo Elton John, o cabelo pixaim sem corte, o corpinho roliço, sua proximidade com celebridades e sua zero representatividade no circuito de elite fazem dele uma figura não muito preferida pelo jogo de tráfico de influências e vaidades da arte. O fato de estar radicado nos Estados Unidos complica mais ainda sua aceitação no meio provinciano paulistano. Ele sofre preconceito, não há dúvida, é carta fora do baralho. Uma carta dourada. 

Neste percurso Romero Brito não atingirá uma cotação de Bia Milhazes, não haverá especulação de coleções de museus, textos e galerias em torno dele, nem precisa, ele já é muito próspero.

Agora vamos ao modelo de negócio. Tente fazer igual e fique rico.

1) Pinte quadros bonitos: algo incomun na arte contemporânea. Apresente pinturas com temas populares, de forte sedução visual e com estilo marcante.
2) Não perca tempo tentando construir um currículo para-inglês-ver. Tentar emplacar no circuito oficial é canseira. Puxa-saquismo não paga as contas. Evite a tricotagem dos artistas carentes. Faça exposições em espaços alternativos e chiques.
Minie Mouse versão Britto
3) Construa uma rede paralela de relacionamentos. Não é fácil isto hein?
4) Cobre um preço atraente pelos trabalhos, o importante é vender quantidade. Seu preço não vai evoluir muito, nem precisa.
5) Faça doações de suas obras a celebridades para ir emplacando nas mansões.
6) Quando começar a prosperar crie sua própria rede de lojas no mundo todo. 
7) Seja agressivo nos negócios, licencie seus desenhos para todo tipo de produto, venda posters sem dó, faça produtos, brinquedos, cadernos. Você vai concorrer com a própria Disney, mas depois vai fazer negócios com eles.
8) Contribua para instituições de caridade.

Como pode ver não é fácil fazer o que Britto faz. Caso queira explorar um artista de perfil parecido procure na internet Thomas Kinkade, uma autêntica fábrica de arte, com muitos colecionadores aficionados.

Em nosso meio pega bem falar mal de Romero Britto. Basta descer a lenha no artista e fazer pose de entendido que o pessoal curte. Espero que compreendam melhor seu perfil de atuação e inventem outros temas para malhar. Critica-lo é fácil porque ele está fora. Quero ver criticarem os cartolas do circuito contemporâneo: o rabo preso não deixa. Ser independente tem suas vantagens.

Um forte abraço e faça melhor!!! Sucesso!!! Ricardo Ramalho




Sunday, October 8, 2017

Como boicotar o Facebook? 6 dicas

O Facebook censura estátuas de Michelangelo e protege páginas de ódio. O poder daquela rede é excessivo, monstruoso e pouco fazem para promover valores humanistas de liberdade, conscientização, ética e educação. A Coca-Cola é santa perto do Facebook.

Estamos dependentes do Facebook para contatos com amigos, divulgações de negócios e postagens de expressão pessoal. Mas é possível dar um baque no Facebook para que corrijam o rumo de ganância.

1) Use mais o Twitter, é uma rede essencial para busca conteúdos e divulgação de qualquer assunto. É muito usada por chefes de estado, jornalistas, lideres espirituais, artistas, ativistas e todo tipo de pessoa. O Twitter será melhor explicado em outro post.

2) Não poste nada no seu perfil pessoal (a menos que seja via Twitter). Você pode manter alguma presença no Facebook fazendo postagens no Twitter que são automaticamente repostadas no Facebook.

3) Para manter a divulgação dos seus negócios no Face poste apenas nas suas páginas de negócios. (é uma forma de ganhar algum dinheiro com o Face ja que a rede ganha tanto dinheiro em cima da gente). Você pode postar um link do seu post de negócios no Twitter, assim ele automaticamente devolve no seu perfil do Face. A idéia é deixar seu perfil pessoal 100% via Twitter.

4) Não precisa ser um boicote eterno, experimente boicotar por um mês.

5) O Facebook tem interações muito intensas e vicia, no Twitter isto não acontece, acaba por ser uma rede mais saudável e que te dá mais tempo na vida. Seja feliz e próspero, lute pela sua comunidade, ganhe tempo na sua vida, descole-se daquela rede.

6) Se você estiver carente e querendo usar o Facebook chame amigos e amigas para sair, contate as pessoas via whatsapp, convide para sociais NA SUA CASA.

Não vale a pena ficar sufocado no Facebook para divulgar suas coisas, é uma vergonha o policiamento de conteúdos do Facebook, a empresa é a principal promotora de discurso de ódio no planeta, o atendimento ao usuário é praticamente inexistente. Pessoas fantásticas usam muito pouco as redes sociais. Muito sucesso e paz para você no mundo real.

Um abraço, Ricardo Ramalho

Thursday, July 27, 2017

Texto da exposição Inconveniente, de Paulo Ito











Inconveniente

O mundo da arte contemporânea tem fronteiras bem definidas, os artistas atuantes nas regiões de limte com outras artes acabam servindo para confirmar a existência destas divisões. Mesmo que o artista não acredite que existam separações entre artes, a separação será feita à sua revelia. Existem muitas formas de expressão artística: arte contemporânea, arte moderna, artesanato, arte naif, grafite, arte de rua, teatro, video, dança, fotografia, performance, música, literatura. O que distingue essas artes? Muita coisa: os públicos, os profissionais envolvidos, os meios de produção, os locais de exibição, as formas de registro, a catalogação, os objetos criados, os valores envolvidos. É improvável que um ator, por mais famoso que seja, pinte quadros e seja bem aceito por colecionadores investidores, ou que um músico saia dançando e impressione bailarinos profissionais, ou que um curador escolha dezenas de artistas diletantes para uma bienal, ou que um diretor de teatro seja chamado para organizar uma exposição relevante de fotografia. A cultura humana tem um nível de especialização muito grande, e isto pode ser positivo, quando percebemos o aprofundamento das pesquisas em suas respectivas áreas e a imensidão de cada um desses territórios.

Entretanto somente a arte contemporânea tem a inquietante capacidade de tomar para si o substantivo “arte” a tal ponto de julgar o que é arte e o que não é. A pretenção de definir a arte foi herdada do modernismo, havia uma cartilha modernista a ser seguida, e quem não seguia era carta fora do baralho. A arte acadêmica, por exemplo, deixou de ser considerada arte e passou a ser confundida com ilustração, vista como mera demonstração técnica, impessoal, artesanal e decorativa. Hoje em dia a arte acadêmica não é sequer tolerada nas faculdades de arte: o pósmodernismo passou a ser o novo acadêmico. O artesanato ainda desperta algum interesse da arte contemporânea por causa do mecanismo da apropriação de objetos fora de contexto, como no caso dos ready mades, e a valorização de estéticas primitivistas. A ilustração não goza da mesma tolerância, ela “não é arte” (ou, não seria arte) porque, segundo a argumentação, é acessório de um livro, o desenho de ilustração tem a interpretação da imagem condicionada ao texto, esvaziando assim a autonomia poética.

A credibilidade do grafite dentro do circuito de arte contemporânea só depende do empenho do artista em transmitir segurança e constância ao meio. O que está em jogo aqui não é a inclusão ou a exclusão de formas de expressão, e sim a adoção do jargão da arte, um vocabulário, que o artista pode usar ou não, conforme suas ambições. Se quer se reconhecido em certo meio, deixar contribuições, precisa dialogar com os agentes de consagração específica. É normal que cada segmento puxe a sardinha para si: o cinema é considerado “a soma de todas as artes”, a arquitetura é considerada “a grande arte”, até publicitários são considerados artistas, claro que essas conversas só funcionam dentro de cada um dos nichos.

Paulo Ito é um dos mais proeminentes grafiteiros de São Paulo, seus murais não passam desapercebidos, são abundantes, atingem a cena internacional, têm um traço de desenho bem característico e coerente, e as mensagens tem franco conteúdo político. Funcionam como cartoons que versam sobre temas como a vida urbana, o vazio dentro das pessoas e o capitalismo. Acontece que tradicionalmente a grande maioria dos grafiteiros não fazem obras políticas, nem de humor, por isso ele destoa um pouco da paisagem porque embora exista uma postura fora da lei em grafitar muros, a maioria dos grafites da cidade são peças de design gráfico, sem mensagem clara, sem conteúdo político, são siglas em letras estilizadas, personagens que funcionam como marca, grafismos abstratos e grandes estampas como quem diz “pintei aqui e isso é tudo”. Tradicionalmente a transgressão do grafite está mais no ato de grafitar do que na obra em si, tanto é que seu trabalho contestador é até visto com alguma resistência por alguns colegas. Curiosamente a arte política também é vista com desconfiança dentro do ambiente de arte contemporânea, porque pode ser tachada de panfletária (ou seja, tem uma finalidade outra que não a livre expressão estética) como se a poética ficasse condicionada pela mensagem. Talvez por isso Ito prefira ser categorizado como “artista de rua” e não grafiteiro, aliviando um pouco a pressão sobre a linguagem, posição que parece um certo preciosismo mas que demonstra preocupação com outros vocabulários. Assim sua produção dialoga tanto com a cena grafite que causa até um certo incômodo. Sinal que se impõe com força própria e contribui para alargar a discussão no meio.

Estamos tratando de uma exposição em galeria, então já está bem claro qual o tipo de arte que estamos rodeando. É importante ser relevante neste espaço. O mercado de arte tem linguagem, agenda e instituições próprias. Neste ambiente importa despertar o interesse de curadores, críticos, colecionadores, galeristas, produtores e público. O percurso da rua para a galeria não é comum, existem artistas que fizeram com êxito, como Keith Haring, Basquiat, Deco Farkas e Os Gêmeos. Não é uma transição natural e fácil. O mesmo vigor e disciplina da rua precisa ser empenhado no espaço museológico (a galeria também é um ambiente museológico). Só que conversões precisam ser feitas para as questões próprias do espaço. A escala de uma galeria é indoor, enquanto a rua é outdoor. Na galeria busca-se a contemplação demorada das obras, enquanto na rua a visualização dura segundos. Na rua existe o clichê da exuberância, e na galeria o clichê do minimalismo. Paulo Ito está inquieto sobre o percurso da pintura para dentro do cubo branco, já fez exposições anteriores bem distintas, passou por telas que lembravam histórias em quadrinhos, depois expos composições naturalistas longe do universo do grafite. Agora busca o meio termo para uma franca tradução de sua arte da cidade para a sala expositiva. “O artista é o intérprete do leitor” diz Nelson Leirner, revelando uma preocupação com seu público.

Existem artistas que se posicionam conscientemente nas zonas de transição entre artes e assim terão a chance de colaborar para a ampliação dos sistemas. Ja outros vão manter uma obra 100% em conformidade com a estética dominante, poderão ser rapidamente reconhecidos, mas o legado e ruídos para a história da arte talvez não sejam tão significativos. Os artistas, onde quer que atuem, desfrutam de uma relativa liberdade. Terão sempre que dialogar com as expectativas de linguagem do circuito e saber defender o trabalho com argumentos. Nesta carreira existe muita competição, não se pode deixar a peteca cair, a luta contra a decadência é uma batalha constante e ocupar a crista da onda periodicamente é vital. Quem não tem ambição desfruta de liberdade ainda maior. Os artistas mais ambiciosos não querem essa liberdade, querem prosperar, querem compromissos, reconhecimento, jogar as regras do jogo e vencer, muitas vezes dançando conforme a música no começo, e buscando mais arrojo com o passar da idade, após a consagração do nome. As manobras dos artistas no sistema de arte exigem critérios, pertinência, e coragem.

Ricardo Ramalho 27/06/2017

Exposição Inconveninte, Paulo Ito, A7ma Galeria, rua Harmonia 95B
Vernissage dia 27/7/2017 as 16 horas

Monday, May 8, 2017

Máximas

"Depois da arte vem os negócios de arte" 
(Andy Warhol)

"Depois dos negócios de arte vem a arte dos negócios" 

(Ricardo Ramalho)

Sunday, May 7, 2017

As virtudes da arte como hobby

RR, Série Compositores, 1997, Paço Imperial, RJ
Sempre fui um fervoroso defensor do sistema de arte profissional. Neste blog o estimado leitor poderá ler como defendo curadores, galeristas, artistas "executivos", colecionadores, instituições, circuito oficial, até as comissões de 50% eu defendo. Algumas rodas de artistas românticos acham que sou conservador. Ja me chamaram até de capitalista, logo eu... que buscava subverter o sistema por dentro. Quem me conhece de perto sabe que não sou conservador. Capitalista ainda estou tentando ser, para ver se faturo algum.

Eu estudei arte na FAAP onde a pegada do curso é bem mercadológica e logo depois fui abençoado e trabalhei 4 anos no departamento de curadoria do MAM, onde conheci as entranhas institucionalizantes do mercado em tenra idade. Depois fiz curadorias independentes e trabalhei em galerias. Assim minha visão sobre a arte sempre foi muito seca, pragmática, dura, sem conversinha. Eu era daqueles que poderia dizer "isto não é arte", ou pior "você não é artista, é um artesão". Só não falava isso para não magoar o interlocutor.

Eu não sou um artista que vive da minha arte. Ainda. Se fosse provavelmente este blog não existiria. O lema deste blog é "faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço". Não tenho um volume de produção para fazer frente ao competitivo mercado de arte, no momento. Nelson Leirner ensinou na FAAP "para entrar no mercado o artista tem que ter produção". Com poucas obras, tenho feito poucas exposições. Com poucas exposições eu poderia ser duro comigo mesmo e sentenciar "não sou um artista". Mas sempre vou me considerar um artista atuante, sempre vou manter minha pose, e ainda acredito que no futuro posso me organizar melhor para impulsionar minha carreira. Como? Fazendo arte como hobby!

"Oi? Como assim? Arte como hobby? Ficou louco? Nenhum colecionador vai se interessar em investir, nenhum curador vai chamar um hobbista despretencioso. Quem pinta por hobby não é considerado" diria eu mesmo até há pouco tempo atrás.

Veja bem, é melhor se organizar para fazer arte por hobby do que enfrentar o desânimo de uma carreira precária. Em ambos os casos você vai precisar de um outro emprego do mesmo jeito. Fazendo como hobby é possível desapegar da "agenda de artista" e pintar por pintar. O meu problema pessoal é que sempre pintei para exposições com data certa. Raramente fui acumulando obras sem um compromisso de entregar para uma vernissage. Meu pragmatismo artístico era total. Então quando o ritmo de exposições diminuiu a produção quase parou. Ultimamente tenho feito uma exposição por ano, ou seja, pinto uma vez por ano. Isto não é legal.

O meu ganha-pão paralelo à arte sempre tirou meu tempo de dedicação à minha carreira artística. Quando entrei no MAM, logo depois de formado, pensava comigo "uau, estou no MAM", sempre que batia o cartão do ponto, dia após dia, sentia um orgulho imenso daquilo. Aprendia muito. O público tinha a nítida impressão que eu era relevante lá dentro. A parte chata era que rapidamente comecei a ver artistas mais jovens do que eu fazendo bem mais exposições, alguns em galerias, e outros mais jovens até expondo lá dentro no MAM. Lidei com isso pensando "bem... isto é natural, eles estão pintando horrores, e eu estou montando exposições no museu, eles fazem pose lá fora, eu faço aqui dentro, okay, vamos em frente".

Várias instituições depois, acabei ficando bem mais atuante nos bastidores do que no palco. É possível prosperar e ser muito feliz nos bastidores da arte: os curadores, os arquitetos, os grandes produtores, os marchands, são os verdadeiros cartolas, eles tem a chave do sistema, gozam de bastante prestígio e conseguem até exprimir criatividade e autoria. Nos bastidores eu estava no olho do furação, mesmo que minha arte apenas orbitasse o sistema a uma boa distância, eu era o gerente da parada. Só que nunca fui um árduo seguidor dessas carreiras técnicas, sempre procurei me ver mais como artista. A condição de artista marginal é até reconfortante, é uma categoria consagrada de artistas.

Hoje penso em evoluir, não trabalhar mais nos bastidores da cultura, continuarei sendo artista mas vou arrumar um ganha-pão longe da arte, um negócio mais conservador (sou bom nisso, simulações conservadoras), é muito improvável enriquecer na cultura. Nesta idade estou precisando enriquecer. Levar uma carreira pura de artista, é complicado demais, para mim, é solitário e demanda uma iniciativa absurda, tenho contas se acumulando. Arte como hobby é a minha dica do momento, para voltar a sorrir como artista, para uma produção maior do que a de hoje, para dar tempo ao tempo, e focar no meu novo empreendimento e quem sabe voltar a colecionar. Para ser sincero não acho interessante viver da arte, outros trabalhos ajudam a arejar a cabeça do artista. Não me faltam ambições artísticas, meu objetivo não é uma carreira passageira, é entrar para a história da arte. E como dizia o general Sun Tzu "a vitória ideal é obtida sem a batalha". E a consultoria de arte? Como vai ficar? Se alguém quiser pode me procurar, eu que não vou sair por aí vendendo este serviço. Menos pretensão e mais diversão na arte.

Sucesso!! Ricardo Ramalho

Tuesday, September 20, 2016

Os três erros mais comuns das galerias de arte

Quem ja deu uma lida neste blog sabe que sou um defensor das normas do mercado da arte. Não recomendo contestação a essas normas, e sim a adesão competitiva e a prosperidade do artista. Uma das missões deste site é abrir as regras do jogo da arte. Além de ser artista, e ja ter trabalhado em museus, trabalhei para galerias importantes em São Paulo, Lisboa, Porto e Madrid.

Não preciso relatar aqui a importância das galerias para o funcionamento do sistema de arte, não preciso justificar as comissões e 50%, estes argumentos aparecem noutros artigos deste blog. Nestas andanças posso elencar aqui Os Três Erros Mais Comuns das Galerias de Arte:

1) Acervo muito pequeno, para uma grande sala expositiva. 
A maioria das galerias tem uma impressionante sala expositiva, uma fachada suntuosa, mas os acervos são pequenos. Raras são as galerias que apresentam um acervo impressionante, bem organizado e bem catalogado. Era preferível fazer o contrário, ter uma sala expositiva pequena e a sala do acervo maior. Quando um cliente visita uma exposição ele vai querer ver outras coisas no acervo. Se não encontrar o que procura, algo de interesse, ele vai embora. O cliente quando quer comprar uma obra deve resolver a compra no acervo da galeria e não ficar pulando de galeria em galeria. É um erro ter um acervo mal organizado, pequeno, e sem uma catalogação de acesso rápido. Galerias importantes tem bons acervos, mas outras galerias importantes tem acervos que deixam muito a desejar.

2) Falta de staff.
Algumas galerias concentram toda a atividade na mão do dono e ele possui no máximo um ou dois assistentes. Uma equipe de duas ou três pessoas não é suficiente para alavancar vendas e repercutir a programação de uma galeria com custos mensais elevados. É preciso fazer controle financeiro, contato com artistas, contato com clientes e curadores, planejamento e execução de divulgação, atualização de sites, midias sociais, geração de conteúdos, produção de exposições, coordenação logística, organização do acervo, catalogação, assessoria de imprensa, planejamento de feiras, prospecção de artistas, programação cultural, produção gráfica, produção de textos, fotos, cobrança, orçamentos, embalagens, videos, visitas, gestão de carreira de 30 artistas... É muita coisa para dar conta. As grandes galerias tem 15 a 20 funcionários. As médias tem 10. As super enxutas tem 5... cuidado com staffs menores do que isso.

3) Falta de gestão profissional.
Longe de mim querer aborrecer os marchands, pessoas tão importantes e elegantes, pelos quais queremos ser representados. Estou elencando problemas recorrentes das galerias. Abrir uma galeria pode parecer como abrir um bar: "fácil, o proprietário aplica seus caprichos e tudo se resolve com o tempo"...não é assim. Por isso tantos bares fecham e tantas galerias não dão o resultado esperado. O resultado não é apenas para a casa, mas também para os artistas, e funcionários e investidores (afinal uma boa gestão de carreiras artísticas valoriza os artistas). Gestão de recursos humanos é algo inexistente nas galerias, plano de carreira para funcionários: esquece. Treinamento: esquece. Comissões quando existem são pagas conforme a lua. Plano de vendas: nada. Estratégias de desenvolvimento: nada. Reuniões com a equipe? Nada. Redação de emails para a equipe? Zero. Nem bilhetes os patrões escrevem, em geral as instruções são passadas verbalmente, e olhe lá. Organograma? Pra quê? Administrativamente não tem nada de nada? Tem sim, muita vaidade nas galerias, muita pose em detrimento de um trabalho profundo, muito improviso, muito cansaço, muito ciúme, muita competição interna na equipe, muito silêncio e muita centralização de poder que engessa o negócio.

Enfim, não é fácil o mercado de arte. Convém adotar linhas de ação consagradas nos manuais de gestão. Não precisa inovar na gestão de galerias. Fazer o mínimo ja seria um avanço. E os artistas também tem contribuições a fazer para prosperar os negócios. Sucesso!

Ricardo Ramalho

Wednesday, July 13, 2016

A única coisa que um artista tem que fazer: e não é arte

O êxito profissional demanda centenas de ações adequadas. Toda vez que lemos "dez maneiras para fazer tal coisa" ficamos com aquela impressão de truque, aqueles irritantes "life hacks", reducionistas, ou pior, fica parecendo enchimento de linguiça ou isca de visualização de blog. Claro que é importante postar conteúdos úteis, com diferencial, e ter um blog generoso. Acredito que artigos devem conter alguma provocação, como é o caso deste, senão ficam "consensuais", enfadonhos e aguados. Sou particularmente provocativo nos títulos sejam em textos ou exposições. Não existe uma receita de bolo para ser artista, mas se as pessoas seguissem as indicações deste blog certamente se desenvolveriam mais. Não é fácil viver da arte e avançar segundo minhas próprias palavras. Vamos assim mesmo em frente nesta missão educacional, porque meu objetivo como consultor e professor será sempre que meu interlocutor seja mais próspero do que eu.

Fazendo um exercício estimulante de síntese proponho a única coisa que um artista tem que fazer: exposições. Observe que não adianta fazer arte sem expor. A exposição é o evento que conclui a obra. O artista que não mostra seu trabalho nunca será reconhecido. A menos que seja Arthur Bispo do Rosário, considerado louco, passou a vida no manicômio e fez uma obra tão vigorosa e contemporânea que chamou atenção de curadores. Não está nos planos da maioria das pessoas viver no hospício, rodeado de pessoas de saúde mental duvidosa... embora fora do hospício também tenhamos de conviver com esse tipo.

A exposição exige a produção das obras, então expor obriga a fazer arte. A exposição faz o trabalho evoluir porque conseguimos visualizar o conjunto da obra como algo conquistado, a tal ponto que queremos ir além. Outro efeito importante de expor é submeter o trabalho a apreciação pública e isso demanda coragem e capacidade de diálogo e argumentação. Com frequência ouvimos uma crítica e temos a oportunidade de formular uma argumentação: é a apreciação da apreciação. A capacidade de dialogar sobre o próprio trabalho ajuda a despertar interesse, empatia e formular os próprios conceitos da obra.

A função da arte é gerar uma experiência no público e isso só pode acontecer numa exposição. Há quem diga "faço arte para mim, não para os outros"... soa bastante desprendido e impetuoso, mas também um pouco ingênuo e desinteressante, a meu ver. A obra precisa dialogar com a contemporaneidade, com o mundo, e não com o quarto do artista.

Além de motivações poéticas e de transformação do entorno, as exposições tem um objetivo secundário imprescindível: acessar curadores, colecionadores e marchands. São eles é que vão trazer o pão para o artista, e publicar catálogos, e permitir exposições ainda maiores. No mercado de arte a apreciação da obra é indissociável da apreciação do currículo. "Quem fez" a princípio é mais importante do que "o que fez". Quanto mais relevante o currículo mais liberdade o artista ganha, quanto mais numerosas as exposições mais confiantes ficam os colecionadores. Se inspira credibilidade no comprador (que afinal é um investidor e quer ter segurança) inspira interesse no galerista. Se faz exposições interessantes e ainda tem o respaldo social então o curador sente-se confortável para colocar o obra sob os holofotes do museu, quem sabe incorporar no acervo e produzir catálogo. É curioso notar que as galerias ocupam frequentemente o papel dos museus, não apenas na imitação do cubo branco museológico, mas também na produção de seus próprios catálogos, convidam críticos para escrever, agregar valor e dar credibilidade à publicação. Toda essa produção em torno do artista é muito valiosa. Por vezes mais valiosa do que a própria obra.

Assim podemos notar que a exposição é o pilar mínimo da atuação de um artista com ambição. Expor constantemente exige a produção constante de obras. Expor ao longo da vida leva ao questionamento "dessa obra de tantos anos" pressionando assim sua evolução. Expor celebra o trabalho, presenteia o público, altera os ambientes e amplia seu alcance. Expor exercita a autocrítica, o diálogo e a inserção no mercado. Sem exposições um autor não vai longe. Expor imortaliza o artista.

Ricardo Ramalho
à sua disposição pelo email :)
artistaramalho@gmail.com


Thursday, July 7, 2016

Um perfil de consultoria para artistas

RR, Da série provérbios, 2002, 32x40cm
Quando dou consultoria para carreiras artísticas, e dou várias, não trato arte como terapia ocupacional, não afago obras duvidosas nem descrevo o mercado de arte como uma coisa linda. O diálogo com o artista se dá sobre a realidade do sistema de arte, sem romantismo e fantasias, com muita objetividade e soluções sobre a mesa. Um artista pode ficar 5 anos estagnado. Okay... e se ficar 10 anos? 20 anos estagnado? Que tal a vida inteira na obscuridade e frustração? Em poucos meses de foco este quadro pode ser revertido.

Arte é uma profissão competitiva, não se aceita amadorismo. Minha abordagem visa desenvolver o percurso do artista, longe da marginalidade, com vistas a um sentimento de pertença ao circuito de arte.

Podemos ter conversas agradáveis sobre a poética das coisas, a arte que está em tudo e todos, mas não será essa a conversa que vai desenvolver sua carreira. Arte é tudo que nos rodeia sim, apenas para os artistas avançados. Para os emergentes arte é somente aquilo que será apreciado como arte. O foco sugerido da consultoria está na verificação dos conceitos estéticos da obra, produção, portifólio, exposições, mercado de arte, curadoria, galeria de arte, catalogação, reconhecimento, referências.

Meu email é artistaramalho@gmail.com podemos fazer uma sessão pelo skype sem compromisso. 

Este é o blog top do Google em consultoria de arte :)


(imagem: Da série provérbios, #1, vinil sobre pvc, 32 x 40 cm, Ricardo Ramalho - apresentado na coletiva AAA, Galeria Baró Sena, 2002).

Wednesday, June 29, 2016

Who is Ricardo Ramalho

I need to have a paragraph in English :)

The begining of my artistic career I consider when I did my first public exhibition in 1995, I was still studying at Faculdade de Artes Plásticas, FAAP. I graduated in 1997. Right after that I became a curatorial assistant of the Museu de Arte Moderna de São Paulo, for 4 years. I learned a lot about the art system and curatorial issues. In 2002 I started also doing some independent curatorship projects. After 2005 I shifted from public institutions to the art market and did executive work in many private galleries. Meanwhile I took some post graduation courses in Cultural Action, Museum and Curatorial Studies. I have been running artist´s residencies for many year. I organized residences in Portugal, and later in São Paulo, at Instituto Volusiano, and recently other residencies listed below. I am also an art collector, as I believe artists need to be an example in art collecting. I have done many different things in my life, like astronomy teaching, beekeeping, sailing and restaurant management.

At the moment I am:
- art consultant, and article writer at the top blog in portuguese about Consultoria de Arte
- curator of Casa Tamarindo cityscape residency program (listed in ResArtis)
- curator of Prainha Residência Artística beachfront residency program (listed in TransArtists)
- diretor of Seu Video productions for YouTube and event videos (facebook page)
- boatbuilder at Estaleiro Oficina (check blog), amateur boatbuilding and plans selling (facebook page)
- struggling artist, check my CV and some art works in artistic my blog.

Personal contact
artistaramalho@gmail.com
Personal FB page
https://www.facebook.com/ramalhoface
São Paulo - Brasil


Friday, June 3, 2016

Coaching com RR Coach

Ricardo Ramalho autor do blog top do Google em Consultoria de Arte agora lança um novo serviço que é a sua cara:

Coaching! Atendimento imediato para o acompanhamento semanal do seu desenvolvimento pessoal com a nova marca Suporte Coaching. Conheça:
- o novo blog www.suportecoach.blogspot.com.br 
- novo twitter https://twitter.com/suportecoach
- e o novo Canal Suporte Coach do Youtube.

Assista este breve vídeo introdutório!


Qual a diferença entre Coaching e Consultoria?

Em linhas gerais o coaching é mais focado no indivíduo e seu desenvolvimento pessoal, enquanto a consultoria é mais focada no aspecto organizacional de empresas. Claro que a consultoria também abarca aspectos de equipes e desafios individuais, afinal a consultoria é uma atividade muito abrangente já o coaching é mais específico. A consultoria pode trazer soluções técnicas específicas e participar diretamente na implantação de novos padrões operacionais, ja o coaching atua de forma mais distanciada dando suporte para o próprio cliente encontrar as soluções que precisa. Consultoria e coaching tem algumas coisas em comum: o cliente é o protagonista, a busca pelo desenvolvimento e o compromisso com novas linhas de ação.

Thursday, February 25, 2016

Como pintar quadros (e ser reconhecido)

Paisagens iguais de Ricardo Ramalho 2005, Porto, Portugal
Uma vez eu disse que era artista e me perguntaram: você faz o que? Respondi: pinto quadros. A pessoa respondeu "Que gostoso!"

Como tenho um pendor educacional tive que explicar que pintar quadros não era assim tão gostoso. É uma atividade muito contida, de movimentos precisos, calculados, exige disciplina, dedicação, isolamento e capacidade de gestão da carreira. E se não for assim o artista passa fome. O trabalho artístico não é bem compreendido por 90% da população, sendo otimista. Se a pessoa diz "sou cirurgião" ninguém responde "que gostoso".

Então vamos ao que interessa: como pintar quadros e ser reconhecido.

Você precisa pintar em série. Veja o exemplo de Pollock. Suas pinturas parecem muito soltas. Mas se olhar o conjunto das obras onde utiliza a técnica do dripping (gotejamento sobre a tela) verá que o conceito do trabalho é o mesmo em dezenas de pinturas. Isto é pintar em série: manter um padrão conceitual coerente. Como pode ver não é assim tão solto e gostoso, é até bem mecânico. Sim, é uma linha de montagem. Uma vez eu dei um curso de pintura no MAM que se chamava "Indústria de Arte". Cada aluno deveria pintar três telas com o mesmo conceito. O curso foi um sucesso. Outro exemplo Beatriz Milhazes, nossa artista milionária viva: pinta sempre seus ornamentos abstratos aleatórios, como mosaicos ou caracois, em cores vivas e chapadas. Sua obra ja atingiu um milhão de doláres em leilão. As pessoas precisam disso, elas querem olhar uma obra é dizer "isto é um fulano de tal". Como você sabe que é ele? "Ele pinta a mesma coisa há 30 anos".

Quer fazer diferente? Quer pintar cada hora uma coisa? Boa sorte, pense duas vezes antes de me procurar, tenho uma família para alimentar. Os curadores não podem dar muita trela para o amadorismo, eles precisam cuidar da aposentadoria e sugiro que todos façam o mesmo.

A coerência na produção é um princípio básico para alavancar carreiras artísticas. Fotógrafos e escultores fazem o mesmo. A grande fotógrafa Rochele Costi por exemplo e suas famosas fotos de quartos. Não seria o caso de fotografar cozinhas e banheiros. São apenas quartos. E assim ela está nas melhores galerias e museus. Pode até desenvolver séries distintas, séries paralelas, ou séries sucessivas, desde que sejam em série. Ja reparou que em exposição de galeria tudo parece igual? Mais de uma vez fiz exposições com pinturas em série, absolutamente iguais (vide foto). Isto sim é coerência.

Muito bem, você conquistou sua coerência, você tem suas referências para isso e agora? Faça exposições. Sem as exposições você não é nada. Não é sequer um artista. Depois da sua primeira exposição aí sim poderá se auto-proclamar artista. E ninguém duvidará. 

As exposições são essenciais para amadurecer o trabalho, ouvir o feedback das pessoas, dar a conhecer a obra para o público especializado (curadores, críticos, colecionadores, marchands). As exposições ajudam a registrar a carreira, a catalogar as obras, elas conferem legitimidade ao artista e confiança ao investidor. Expor é uma ferramenta de autoestima do artista, dá uma sensação de dever cumprido, de contribuição à sociedade. Existem lugares bons e menos bons para expor, locais alternativos ou oficiais, locais com boa luz ou na penumbra. Seja criterioso, sem ser purista, pode desbravar novos espaços mantendo um minimo de qualidade. Também não adianta ter o currículo repleto de exposições em churrascarias... convém expor num restaurante japonês de vez em quando.

Okay, você tem obras coerentes e faz exposições. O que mais? Tudo depende da sua ambição. Quer ficar rico mesmo? Contrate assistente para produzir feito louco e inundar o mundo com sua arte. Quando maior sua produção maior poderá ser seu alcance no mercado. Mantenha um portfolio bem feito com suas obras, um site ou blog para facilitar a apreciação. Saiba negociar e pagar comissões, não seja duro no comércio. Sociabilize, frequente vernissages, entre em panelas, "tenha uma carteirinha de artista" como diz o Nelson Leiner. Um desafio importante é se manter na crista da onda, ou pelo menos na marola. Fazer sempre a mesma coisa pode também gerar críticas desfavoráveis. Cuidado com a decadência. Dizem que certos artistas plagiam a si mesmos. Vai vendo a dureza do nosso meio. Muito cuidado no mundo da arte. Gostoso mesmo são vernissages bem servidas.

Sucesso! Ricardo Ramalho

Saturday, February 20, 2016

Apenas 3 dicas para Whatsapp e chat de equipes profissionais

Existem basicamente três tipos de chat nessa vida: chat com amigos (incluindo familiares), chat com clientes e chat com colegas de trabalho. Nos dois primeiros dificilmente haverão problemas, porque amigos querem se falar, e clientes querem falar com fornecedores. Tenho visto problemas na terceira situação: chat entre pessoas que trabalham juntas. A razão é óbvia... elas não querem se falar.

Cada nova tecnologia trás novas soluções, novos aprendizados e novos problemas. Não é de hoje que muita gente tem dificuldade com a escrita e com a leitura. A proliferação dos chats, a rapidez dos textos e a abreviação de frases só pioram a leitura e a escrita. Estamos vivendo uma situação de atrofia dessas capacidades em escala global.

As 3 dicas que tenho para equipes que usam chat, seja pelo Whatsapp, Messenger ou qualquer outro são as seguintes:

1) Evite usar o chat para assuntos profissionais de longo prazo, use somente para temas emergenciais, urgentes, efêmeros ou de curtíssimo prazo. Por exemplo: "olá por favor traga seis pães" é uma ótima frase para um chat, resolve algo urgente e efêmero. Mas nunca enviei o seguinte chat "olá, você vai ficar responsável pelo suprimento de pães". Este tipo de mensagem seria melhor por email, porque é um registro de responsabilidade, que posteriormente poderá ser resgatado. Além disso a tarefa por ser de longo prazo pode gerar questionamentos e um debate interminável no chat. No chat as frases vão se acumulando e as informações e acordos se perdem.

2) Não discuta problemas profissionais no chat, as pessoas não estão se vendo e não percebem as entonações de voz. As vezes passamos instruções complexas via chat (primeiro erro, deveria ser por email), as pessoas não compreendem e o debate começa. Pode ser o caso de telefonar, fazer um skype ou enviar um email.

3) Sempre que receber um conteúdo importante no chat responda simplesmente com um "ok" ou algo assim, sinalizando com boa vontade que você leu e está de acordo. Faz parte da etiqueta de internet. Até nos emails uma réplica deste tipo é simpática. Se essa gentileza for seguida poderá evitar até os dois outros problemas acima. Eventualmente um "ok, depois conversamos" é uma boa resposta que sinaliza a leitura e eventuais ressalvas que serão tratadas depois.

Vou dar mais um exemplo que ilustra as três dicas:
Falhou a entrega de um produto a um cliente. Procedimento certo: enviar um chat ao colega de escritório informando o acorrido e definir uma solução de curto prazo. Todos estarão de acordo que o problema precisa ser resolvido com urgência. O erro pode vir agora: no chat começam a trocar mensagens do porquê isso aconteceu, como poderia ter sido evitado, quais os novos procedimentos que passarão a ser adotados para evitar o problema... pronto... você arrumou um outro problema. O debate não terá fim, e as resoluções vão se perder no chat. Marque uma reunião sobre o tema ou troquem emails com calma.

Quer um atalho para evitar os problemas acima e ficar bem a vontade? Só use o chat com pessoas que usam bem o chat. Se você tem um colega que não usa bem o chat tome cuidado para não se estressar porque a comunicação poderá ser frustrante. Às vezes temos colegas que usam bem e podemos ter longos bate-papos sobre temas importantes, mas existem casos em que a conversa não é correspondida. Esqueça. Com esse colega seja telegráfico, seja simpático no chat, mas fale o mínimo dos mínimos. A menos que a empresa forneça um treinamento de uso de chat... (tipo pedir para o colega ler este artigo) o que sinceramente não sei se funciona, porque as vezes o interlocutor tem limitações estruturais para ler e escrever, ou não tem experiência em comunicação corporativa ou não quer aprender essa nova habilidade.

Sucesso e bons chats com amigos, clientes e colegas. Um abraço Ricardo Ramalho :)
PS: Ah!! O simpático sorrisinho :) ou aquele kkkk ou o rsrssrss amenizam bem e podem salvar vidas, no Facebook ou nos chats.

Saturday, January 2, 2016

Manual Mínimo das 9 Etiquetas para Internet e Celular

Este guia pretende evidenciar um padrão eficiente e agradável de comunicação entre as pessoas. Muitos não simpáticos ao vivo, mas na internet... (também exite o contrário: na internet é um amor, ao vivo nem tanto). Convém se adequar no email, facebook, ou celular para evitar ruídos.

1) Jamais deixe recados gravados em caixa postal de operadora de celular. Você gosta de receber mensagens assim "você te um novo recado"? Você curte ligar para a operadora, ouvir as propagandas, ouvir o aviso "esta ligação é gratuita!" e depois de longos segundos ouvir os recados mal gravados e desnecessários?? Não curte??? Então não deixe recados para as pessoas.

2) Se tiver que deixar recados gravados, seja na operadora ou no whatsapp diga logo sobre o que se trata. Evite deixar recados assim "me liga", ou "preciso falar com você". Introduza o assunto para dar uma satisfação e tranquilizar o outro.

3) Não trate de trabalho nas mensagens do Facebook. Utilize o email. Assuntos sérios pelo Facebook depois se perdem. No email tudo fica registrado.

4) Outra dica muito boa sobre emails: que tal responde-los? As vezes um pequeno "Okay" é como se fosse um néctar para quem recebe. No whatsapp também. Os risquinhos azuis não substituem uma boa atenção sobre o recebimento de algumas comunicações.

5) Sempre responda emails com cópia para pessoas envolvidas no trabalho, ou copie pessoas que possam vir a se envolver. Elas se sentem valorizadas e o conhecimento de espalha.

6) Sempre leia os emails em que você recebe cópia. O email não é para você, mas se foi copiado é porque você tem relevância e compromissos estão sendo firmados. Se você acha que recebe emails em cópia sem necessidade converse com o remetente a respeito. Eventualmente ao receber muitos emails copiados importantes é bom dar um sinal de vida de vez quando, do tipo "Okay pessoal!! Estou a par de tudo". Ou então "Okay, obrigado!"

7) "Não escreva o que não diria pessoalmente", importante para todo tipo de situação, facebook, email, foruns online. Também e bom evitar de contrariar os outros de forma dura. Se for contrariar seja fofo.

8) Quer se queimar de vez?? ESCREVA TUDO COM CAIXA ALTA!!! (note que pouca gente usa caixa alta, tamanha a gravidade).

9) Lembre-se de que existe algo bem pior do que o corretor de texto que troca suas palavras: escrita às pressas. Releia antes de enviar.

Por enquanto é isso. São incontáveis os deslizes que se cometem na internet. Como sabem, é pior deslizar no Facebook do que no Jornal Nacional.

O cuidado na comunicação, a expressão de forma eficaz, atenciosa e cordial, são pilares da liderança e reputação com colegas e queridos.

Um abraço!

Ricardo Ramalho

Saturday, December 19, 2015

Veja abaixo nossos termos de uso para fotos entregues em alta

Cada vez mais fotógrafos entregam imagens em alta resolução para seus clientes, sem cobrarem mais por isso. É o nosso caso. Acreditamos que se o cliente pagou pelas fotos, tem o direito do arquivo em alta. Porém existem limitações naturais para o uso das imagens. Segue abaixo:

Termos de Uso das Imagens em Alta Resolução: o cliente tem o direito de uso das imagens restrito ao ambiente familiar, ou institucional interno sem fins lucrativos, elaboração de álbuns do casamento, ou evento, e eventual divulgação em colunas sociais, com citação do nome do fotógrafo. O fotógrafo conserva os direitos autorais das imagens, sendo assim todo uso deve conter crédito constando seu nome (exemplos: no álbum, mesmo que elaborado por terceiros, deve ser dado o crédito ao fotógrafo no final da encadernação, em power-points, publicações em mídias sociais ou divulgação deve constar seu nome). É vedado sem a autorização do fotógrafo o uso e a ampliação das imagens para fins comerciais, plataformas publicitárias, artigos de revista, ampliação para formatos maiores do que 30 x 20 cm, e ampliação para montagens de parede. Consulte-nos sobre ampliação para molduras e garanta uma obra de arte com o Certificado de Autenticidade do Artista). Este contrato poderá sofrer atualizações, pelo que agradecemos a compreensão, confiança e preferência pelo nosso trabalho.

Ricardo Ramalho
www.facebook.com/ricardoramalhofoto

Saturday, October 24, 2015

Hoje inauguramos anúncios neste blog

O Google Adsense é uma ferramenta de inserção de anúncios de terceiros em blogs ou sites. Embora o blog perca um pouco da sua "pureza" (se é que tem alguma) vamos rentabilizar com as visitas que visualizam ou clicam nos anúncios. O valor esperado por ano é bastante baixo, mesmo assim vale como ajuda de custo para publicar os textos e como pesquisa sobre o funcionamento deste sistema. Visto que o mercado de arte é o tema central deste blog até que os anúncios não desvirtuam tanto. Existem blogs que faturam bem com publicidade. O Youtube também tem uma ferramenta semelhante para monetizar videos, fazendo seus canais se tornarem fonte de renta para os youtubers. Este também é um objetivo nosso, por meio da nossa produtora Seu Video Produções.

Um abraço!!
Ricardo
24/10/2015

Friday, October 23, 2015

O erro do artista que vende por fora


Toda galeria cobra uma merecida comissão pela venda das obras. A comissão de 40% ou 50% costuma impressionar os leigos e revoltar os marginalizados. A defesa desta comissão aparece noutros textos meus, vou justificar brevemente mais uma vez aqui. Uma grande galeria tem entre 10 a 20 funcionários altamente qualificados. Imagine o custo disso. Tem muito mais: um espaço grande e dispendioso, investe nas exposições, tem despesas contabilísticas, assessorias e precisa de caixa para feiras, manutenção e armazenagem de obras de artistas. O artista argumenta "eu também tenho custo de aluguel". Não dá para comparar o custo de manutenção de uma galeria com um atelier.

Alguns artistas tem clientes próprios e vendem por fora diretamente, mesmo sendo representados por galerias. Acreditam assim que estão resguardando seus interesses. Estão enganados. Por que? Porque estão concorrendo com seu principal distribuidor local, estão prejudicando os resultados da galeria, e consequentemente enfriando e distanciando uma relação que deveria ser próxima e produtiva. A galeria investe na divulgação do artista, mas este, excessivamente competitivo, aproveita-se da visibilidade e vende por fora, de fora dura, alegando que a galeria só merece comissão sobre seus próprios clientes: isto não é visão de equipe, não é liderança, não é parceria. É natural nestes casos que a galeria perca interesse no artista. E se as galerias não têm interesse no artista, nenhum curador tem. Sem interesse de curadores e galeristas os colecionadores também se afastam. Sem galerista, sem curador e sem colecionador, não tem museu.

Uma coleção próspera é formada por obras de artistas que transitam bem pelo circuito. Todo artista com ambições de ser independente se aproxima do modelo Romero Britto de fazer negócio: rico, porém marginalizado e sem relevância. (O maior problema do Britto não é tanto sua obra, mas sua atuação). O artista que vende por fora, quer tomar a comissão da galeria para si. Por causa deste pequeno valor acaba comprometendo sua inserção no longo prazo e a evolução dos seus preços. É como se uma fábrica vendesse para o publico mais barato do que os distribuidores: isto quebra a distribuição, reduz o alcance e prejudica a fábrica. É como se o artista criasse um mercado paralelo de sua própria obra.

Uma vez numa palestra da FAAP o icônico galerista Marcantonio Villaça disse "Todas as obras do artista estão na galeria. No atelier não tem nada: só obras inacabadas". Outra figura bem sucedida nas artes é o Vik Muniz. Uma vez visitei sua nova casa em construção no Brooklin (NY). Era um armazém tão grande que ousei perguntar "Você vai ter uma sala expositiva aqui?". Resposta: "Não. Não trabalhamos assim aqui". Outro exemplo: eu estava com o amigo artista Caio Reisewitz visitando a mega galeria Mario Sequeira em Braga, Portugal, onde ele participava de uma coletiva. O marchand entusiasmado com a presença do artista fez o convite "quer fazer uma individual aqui?". A resposta surpreendente do Caio: "Fala com a minha galeria".

Diversos artistas adotam este outro modelo de relacionamento. Todas as transações passam pela galeria. Isso fortalece a representação, clarifica as relações, dá segurança para o investidor e o curador, torna sua cotação mais robusta, melhora o lobby do artista no circuito local, clarifica melhor os compradores e deixa tudo mais transparente. É preciso ter as costas largas neste mercado. Não é novidade que o mundo da arte é complicado.

O valor da obra de um artista não é mérito somente dele. A galeria ajuda a conferir este valor. A representatividade do artista no circuito, os convites para exposições, a confiança despertada nos atores do sistema ajudam a legitimar a posição e a cotação do artista. Toda galeria é um espaço institucional. Quando o artista abdica de valorizar as instituições da arte seu destino é um só: a marginalidade. Nunca é tarde para rever estratégias e costurar boas relações.

Sucesso,
Ricardo Ramalho
23-10-2015




Tuesday, October 6, 2015

Os 3 erros mais comuns de portfólios

Um bom portfólio de arte pode ser online ou impresso, deve ter uma seleção de boas obras do artista, imagens com fichas técnicas e um currículo artístico. Então é isso, ficou fácil perceber quais são os 3 erros mais comuns:

1) Seleção equivocada de obras.
Existem várias formas de errar nesse ponto, o erro mais comum é o "portfólio colcha de retalhos", os trabalhos não tem nenhuma relação entre si, não existe um conceito claro que agrupe as obras. Este problema pode ir além do portfolio e afetar a carreira do artista que cada hora faz uma coisa diferente. Outro erro é colocar obras boas e obras ruins. Que tal apenas as boas? Nem tudo o que um artista faz precisa estar no portfólio. Outro erro comum, este com artistas consagrados, é colocar no site "tudo o que eu fiz na vida". Alguns artistas famosos fazem isso, seus sites são tipo um catalogue raisonné: têm milhares de obras catalogadas. O meme abaixo traduz meu comentário.

2) Ausência de fichas técnicas.
Aqui nota-se o amadorismo do artista, as imagens do portfólio não têm qualquer informação sobre ano, título, técnica e dimensões. O leitor fica totalmente perdido. Não sabe se está olhando para uma escultura ou um chaveiro. A pintura não se sabe se é das grandes ou das pequenas. Fotografia então é a festa da enganação. O sujeito mete 20 fotos no portfólio e acha que está tudo certo. Uma foto só é arte se tiver tratamento de arte. Uma foto sem ficha técnica é como se fosse uma foto da sua tia. Qual a tiragem da edição? Qual a dimensão da fotografia? Qual a escala disso? Que ano foi feito? É coisa recente ou da sua infância?
3) Não consta currículo artístico nenhum.
Nem sequer um currículo embrionário. Para desenvolver uma carreira convincente o artista precisa elencar seu percurso de exposições e formação. Não adianta pintar como Michelangelo se o artista não se relaciona com o circuito cultural. Se não faz exposições públicas ninguém fala sobre a obra. Muitos artistas vendem obras decorativas e não fazem exposição. Dificilmente serão valorizados no futuro porque seus trabalhos estão à margem dos museus, galerias, coleções, espaços e publicações. Pouco adianta escrever textos poéticos sobre seu próprio trabalho. Convém deixar que críticos independentes façam isso. Pode até escrever algo curto sobre sua própria obra, usando um vocabulário consagrado, sem muitos devaneios, com algumas referências históricas e motivações pessoais. Mas o essencial mesmo é uma lista de exposições coletivas e individuais. Sem lero-lero.

Sucesso!!!
Ricardo Ramalho
6-10-15

Saturday, September 19, 2015

O que Ricardo Ramalho tem feito afinal?

Essa é uma pergunta que, gostaria de dizer muita gente faz mas, poucas pessoas me fazem. Merece um post porque valorizo essas poucas pessoas. Tenho feito muita coisa. Não quero crer que faço coisas a mais porque ainda tenho outras coisas mais para fazer como poderá ver. Se faço muita coisa é porque me vejo como um conglomerado de iniciativas.

O que estou fazendo no momento? É bom eu mesmo recapitular.

1) sou artista plástico, um pouco devagar na carreira, porém devagar e sempre, com firmeza. Não sou um trator avançando na primeira marcha. Sou um navio atravessando o canal do Panamá. Acredito que no futuro serei um artista rico e famoso. Dizem que o artista "está sempre trabalhando"... não caia nessa conversa. Trabalho nisso esporadicamente, faço obras "por projeto". O que preciso é fazer mais projetos. Eventualmente faço curadorias, mas me considero mais artista do que curador. Neste pequeno blog poderão apreciar algumas obras e o currículo artístico http://ricardoramalhoarte.blogspot.com.br/
Galeria RR online

2) sou consultor de arte, ja atendi diversos artistas e estou atendendo três no momento. Faço um trabalho personalizado que colabora com o posicionamento do artista no mercado de arte contemporânea. Meu enfoque vai desde a produção em si da arte até a visibilidade e comunicação do artista. Preciso divulgar mais este serviço. O fato de pipocarem clientes indica que muitos outros poderiam se interessar. Estudo técnicas de consultoria e pretendo buscar outros perfis de clientes, como colecionadores e galerias. A RR Consultoria está com outros projetos também, como a Galeria RR online que pretende comercializar meu acervo pessoal e de outras pessoas (tenho vendido algumas obras), é um projeto em fase muito inicial e que também requer divulgação e tempo. E a Prainha Residência Artística (mais informações abaixo). No google "consultoria de arte" tem o meu blog entre os primeiros neste tema, acesse http://ricardoramalhoconsultoria.blogspot.com.br/

3) sou diretor administrativo e videomaker da DAlessandro Fotografia, onde produzimos fotografia comercial e videos de eventos, casamentos, palestras, youtube e cursos, juntamente com o artista Paulo D'Alessandro. Este é o meu trabalho mais intenso no momento. Estamos com uma gama enorme de produtos, a divisão de video cresceu muito e vai crescer mais. Em breve lançaremos cursos. Vide nosso site (design Mario Ito) http://dalessandrofotografia.com.br/

4) sou curador da Prainha Residência Artística, meu segundo trabalho mais intenso. Estamos restaurando uma casa que era da família em Itanhaém, recebendo hóspedes e organizando vivências. Não é uma atividade nova para mim, organizei a residência artística do Instituto Volusiano em São Paulo, e durante anos administrei hospedagens artísticas em Portugal, quando lá morei. Vide nossa programação em mais este blog http://prainharesidencia.blogspot.com.br/. Instalamos wifi ontem!! Então posso pilotar daqui muita coisa da empresa de fotografia, a consultoria e fazer artes plásticas.
Tenho passado metade da semana em Itanhaém e metade em São Paulo.

meu caiaque de madeira
De atividades "rentáveis" é isso. Tenho alguns hobbies e curto midias sociais. Uma das minhas páginas no Facebook une essas duas coisas "Construção de barcos" www.facebook.com/construcaodebarcos tem 1800 fans.

Obrigado pelo seu interesse neste blog e na minha colaboração :)

Um forte abraço!!

Ricardo Ramalho
artistaramalho@gmail.com
19/9/2015